domingo, 19 de setembro de 2010

Ética e Cidadania

         Parei tudo para assistir ao Fantástico neste domingo 19/09/2010, um tema que me interessa e sempre me chamou a atenção estava lá (pena que tem estado frequentemente em vários outros canais e programas), a violência nas escolas públicas. Não é de hoje que esse cenário vem acontecendo e nos últimos anos se agravando. Lembrei-me então, de um projetinho que utilizei na escola em que trabalhava lá por 2007, 2008 e que andei atualizando para uma atividade da especialização e resolvi dividir com vocês.   Boa leitura.


Qual professor não sentiu um pouco de ansiedade no início do ano letivo ao receber uma nova turma? Será que a turma esse ano será tranqüila? Tomara que “Joãozinho” não esteja na minha sala! Espero conseguir desenvolver um bom trabalho!


Observando-se uma escola, qualquer uma, o que chama mais a atenção é, se nessa escola os alunos têm disciplina; não precisa de maneira alguma ser um quartel, mas dentro de suas paredes há harmonia?, Uma dinâmica?, Alegria?,”bagunça organizada”? Acredite: liberdade não é baderna e disciplina não é camisa de força. A questão, porém é quando isso foge ao controle e aí todos da escola começam a perceber que a indisciplina está imperando, prejudicando o andamento do trabalho e desenvolvimento dos próprios alunos. Quando isso acontece é necessário que se procure a motivação para o que ocorre e que se tente de alguma maneira minimizar o problema.

“Os distúrbios disciplinares, a violência e o autoritarismo nas relações interpessoais são alguns dos maiores problemas pedagógicos e sociais da atualidade e vêm comprometendo a busca por uma educação de qualidade. São fenômenos complexos, cujo enfrentamento requer disposição e preparo para buscar caminhos não autoritários.” (Ética e Cidadania: p.8)

Abaixo está descrito um projeto realizado há alguns anos em uma escola pública da periferia de Natal baseado no Programa Ética e Cidadania, construindo valores na escola e na sociedade. SEIF, SEMTEC, SEED, SEESP. Ministério da Educação e Secretaria Especial de Direitos Humanos.

Várias alterações foram feitas no sentido de melhorar e ampliar o referido projeto e atingir as exigências da atividade proposta na disciplina TIS.



Objetivo principal:


Enfrentar os fenômenos disciplinares existente na escola, buscando uma postura democrática e dialógica para que nesse caminho os alunos e comunidade escolar sejam vistos e se considerem responsáveis pelo andamento do grupo em que está inserido, almejando uma convivência pacifica, solidária e feliz, levando a refletir na construção de uma sociedade mais justa.



Objetivos específicos:

Levar ao cotidiano da escola reflexões sobre ética.

Criar ações que gerem o desenvolvimento das relações interpessoais pacíficas na escola e no “seu mundo”.

Promover o protagonismo dos alunos na realização e fortalecimento das ações.

Estimular a abertura do diálogo permanentemente nas reuniões e Assembléias de classes.

“Abordar e desenvolver ações que enfrentem exclusões, preconceitos e as discriminações geradas pelas diversas formas de deficiência e diferenças sociais, econômicas, psíquicas, físicas, culturais, religiosas, raciais e ideológicas.”



Conteúdos Curriculares e Disciplinas envolvidas:



• Temas Transversais:

• Ética

• Convivência Democrática

• Cidadania

• Direitos Humanos

• Inclusão Social

• Linguagem Oral e Escrita

• Linguagem gráfica

• Linguagem cênica

• Linguagem Matemática

• Meio Ambiente.



Plano de Ação:

Tendo como meta minimizar a indisciplina nas salas de aula, o trabalho proposto deve ser realizado em conjunto com os professores de sala de aula, professores da Telessala, da sala de Leitura, coordenadores e demais funcionários da escola.



Ação 1:


Formar um grupo de estudos, onde os alunos se inscreverão e a adesão não será imposta, para trabalhar com os professores das atividades extraclasses. Esses mesmos alunos podem ser considerados multiplicadores dos nossos propósitos. O trabalho será conjunto, desse modo haverão atividades a serem realizadas, além das extraclasses, também pelos professores das salas de aula (nesse caso com toda a turma não apenas os inscritos). .

O grupo se encontrará em horários combinados em que poderão se ausentar da sala de aula, sendo estipulado um tempo máximo de 40 ou 50 minutos, para que não haja defasagem dos mesmos quanto ao conteúdo da grade curricular ministrado pelos professores de sala.

O grupo inscrito poderá trabalhar com os diferentes professores, ou grupo de professores (dependendo dos horários e realidade da escola). Vale salientar que esse projeto depende do envolvimento e disponibilidade de todos da escola.

Tempo previsto: 1 semana

Atores envolvidos: Grupo de Professores Multiplicadores.

Subproduto: Direção e Funcionários da escola, envolvidos no processo.



Ação 2:

Montar cronograma de atividades a serem realizadas com dias e horários fixos, o que não quer dizer que não possa ser alterado, modificado à medida que forem aparecendo imprevistos e/ou o grupo for necessitando de menos reuniões/encontros devido a sua evolução e melhoria do estado da escola.

Pesquisa e coleta de materiais para os estudos.

Tempo previsto: 1 semana.

Atores envolvidos: Grupo de Professores Multiplicadores.

Subproduto: Materiais selecionados de acordo com o tema, mas principalmente com as dificuldades prioritárias dos profissionais da escola.


Ação 3:

Programar estratégias de sensibilização, estimulação e adesão ao projeto e implementá-las. Sejam estas: cartazes, dinâmicas de grupo, discussões, mostra de filmes e palestras com convidados para toda a escola.

Tempo previsto: Durante toda a montagem das primeiras ações e formação do grupo e no decorrer da implementação do projeto.

Atores envolvidos: Grupo de Professores Multiplicadores.

Subproduto: Termômetro de envolvimento da comunidade escolar. Comunidade escolar e família ciente do programa e positivamente envolvida.


Ação 4:


Planejamento coletivo com os professores envolvidos (Grupo: Professores Multiplicadores = GPM) para estudos de materiais acerca do tema do projeto: Respeito é Fundamental, ou seja, indisciplina, valores éticos e morais. Os temas ações que forem sendo trabalhados com o Grupo de alunos deverá ser previamente estudado pelo Grupo de Professores.

Os encontros para estudos e planejamento envolvem toda a comunidade escolar, podendo ser realizados nos momentos de formação continuada, planejamentos, ou em reuniões ordinárias e extraordinárias previamente programadas pelo GPM.

Tempo previsto: Encontros periódicos quinzenais ou mensais previamente agendados.

Durante todo o ano letivo.

Atores envolvidos: Grupo de Professores Multiplicadores.

Subproduto: Atividades e ações planejadas em conjunto com toda a comunidade envolvida (planejamento coletivo).


 
Ação 5:

Passar nas salas explicando o projeto aos alunos, pedindo sugestões e fazendo as inscrições. Deixar claro que todos os alunos podem participar não apenas os melhores alunos ( muito pelo contrário e é essa a intenção que os alunos que apresentam mais dificuldade de disciplina se queiram se inscrever). No caso de muitas inscrições será necessário que se estipule um número para o grupo, que será composto por alunos de diferentes turmas, anos/séries.

O grupo poderá criar um nome para se próprio em eleição. Sugere-se GAM = Grupo Alunos Multiplicadores.

Esclarecer que o GAM também é responsável pela sua organização e deverão trabalhar em conjunto com o GPM, dando idéias,sugestões de trabalhos e ações (planejamento coletivo) no decorrer do desenvolvimento do projeto.

Tempo previsto: 2 dias de inscrições.

Atores envolvidos: GPM e Grupo de Alunos Multiplicadores.

Subproduto: Grupo de alunos multiplicadores inscritos e envolvidos.



Ação 6:

Iniciar os encontros.

Algumas atividades a serem desenvolvidas com os alunos:

Em um grande círculo realizar, ao início de cada encontro dinâmicas de grupo, quebra gelo, estimulação, intensificação e fortalecimento do grupo.

Realizar discussões a cerca dos diversos temas: através de músicas, vídeos, histórias infantis e infanto-juvenis, leituras de jornais, programas de TV, telejornalismos entre outros.

Explorar estratégias de resolução e mediação de conflitos através das Assembléias Escolares (também chamadas de Conselho de Classe, ou de escola). Essas Assembléias podem ser de classe, de grupo, de docentes, da comunidade, devendo se iniciar pelo grupo trabalhado, passando para as classes com a direção dos professores de sala e por fim da escola se/ou quando necessário.

O que são as Assembléias? São reuniões onde os conflitos surgidos na dinâmica cotidiana da escola (em qualquer patamar) possam ser discutidos e resolvidos pelo grupo com participação, opinião, voz e voto de todos. Todos os assuntos podem ser pertinentes, não existindo menor ou maior problema, todos devem ser considerados importantes e terão soluções sugeridas e postas em prática para ver se serão sanadas ou não.



Tempo previsto: Durante todo o desenvolvimento do projeto.

Atores envolvidos: GPM e GAM.

Subproduto: Conflitos discutidos, sugestões e decisões tomadas, avaliação dos resultados.

Tempo de Realização do Projeto:

Um ano letivo para implementação, anos subseqüentes para consolidação, avaliação, reavaliação e acertos.



Material e Suporte Necessário:

Materiais bibliográficos, áudio visuais sobre o tema, livros, revistas, jornais, internet, som, DVD,TV, parcerias com a comunidade e instituições que possam colaborar de alguma forma com o projeto.


Fontes de Pesquisa:

Programa Ética e Cidadania, construindo valores na escola e na sociedade. SEIF, SEMTEC, SEED, SEESP. Ministério da Educação e Secretaria Especial de Direitos Humanos.



Forma de Avaliação:



“Avaliar é, sobretudo, pautar as mu-

danças que precisam ser feitas.”

(Aroeira,Soares,Mendes-

Vida Criança:154)

 
Partindo do pressuposto que avaliar é um dos pontos de partida para se alcançar os objetivos propostos numa instituição de ensino, já avaliávamos quando detectamos os problemas acima citados e assim como a aquisição da aprendizagem a avaliação também é um processo.

Como foi dito anteriormente, a metodologia de Projeto requer uma postura diferenciada do educador em sala de aula e vale salientar não somente do professor, mas de toda a comunidade escolar. Conseqüentemente na maneira de avaliar também. A avaliação neste contexto de maneira nenhuma é julgamento, ferramenta de punição, ou de classificação ela é, em primeira instancia um processo de acompanhamento do desenvolvimento do grupo como um todo, dos alunos individualmente, do trabalho dos professores e da instituição, nesse último de maneira mais global. No caso específico desse projeto a avaliação é dinâmica, diária, será vista nos corredores da escola, pois os resultados deveram ser palpáveis. Nesse processo avalia-se o projeto, mas também há a auto-avaliação por parte de todos os integrantes; professores alunos, direção e equipe.

Dessa maneira entendemos que a avaliação deve ser continua, “um instrumento de reconhecimento dos caminhos percorridos e da identificação dos caminhos a serem perseguidos” (Luckesi,1984:15). Ela, a avaliação, pautará o desenrolar do caminhar do projeto, nesse caso tanto a avaliação como o planejamento é pautado na ação, avaliação e no replanejamento.

A avaliação é uma bússola com a qual nos orientamos para saber que caminho seguir.


Bibliografia


Programa Ética e Cidadania, construindo valores na escola e na sociedade. SEIF, SEMTEC, SEED, SEESP. Ministério da Educação e Secretaria Especial de Direitos Humanos. (Módulos de Apresentação, Convivência Democrática, Inclusão Social e Direitos Humanos).



MORAN, Edgar. Os Sete Saberes Necessários para a Educação do Futuro. São Paulo:Unesco:Ed,2000.



PUIG,J. Democracia e participação escolar:propostas de atividades:São Paulo: Moderna,2000.



SASTRE, G; MORENO, Resolução de conflitos e aprendizagem emocional:gênero e transversalidade. São Paulo:MODERNA, 2002.











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